domingo, 16 de março de 2008


Ângela Maria 1957 "Mentindo"


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"Quando a Rainha canta... o mundo silência..." ditava a vinheta no rádio. "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti" derramou-se o então Presidente da República do Brasil, Sr. Getúlio Vargas. Ângela Maria pôde viver tudo o que uma trajetória de grande sucesso proporciona, com todos os altos e baixos. Até o final dos anos 50 gravou discos fabulosos, foi extremamente popular, participou de dezenas de filmes, cinco somente em 1957, ano de lançamento do filme Rio Fantasia. Dirigido por Watson Macedo, é um típico exemplo de comédia romântica embalada por números musicais. Ângela Maria canta e dança o tango "Mentindo" de Eduardo Patané e Lourival Faissal. Apesar da coreografia desastrada das bailarinas no início da cena, o fragmento é bem dirigido e traz belos closes de Ângela, alternados com tomadas do palco espaçoso, tudo muito elegante. Ainda participam da cena John Herbert, Humberto Catalano e Rosa Sandrini; e no filme há ainda Renato Murce, Zezé Macedo e a queridinha do Brasil na época, a atriz Eliana.

postado originalmente no bossa-brasileira

Silvia Telles 1960 "Se É Tarde, Me Perdoa"



Silvinha Telles canta com sua típica doçura na abertura do filme Marido de Mulher Boa. Pouco menos de um minuto de imagem e som, registrados em 1960 por J. B. Tanko - porém, registro inestimável dessa cantora fundamental do período entre os anos 50 e 60. Exatamente no momento em que nascia a bossa nova, Sylvia Telles canta "Se É Tarde, Me Perdôa" de Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra, mentores fundamentais do movimento. Os arranjos são do maestro Carlos Monteiro de Souza. Meus agradecimentos ao amigo Jorge Carpes.

postado originalmente no bossa-brasileira

Agostinho dos Santos 1957 "Maria Xangai"

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Agostinho dos Santos se eternizou pelas melodias românticas e densas dos muitos sambas-canção que gravou, fato que não o impediu de atuar também em outras frentes. Cantou bossa nova, samba, jazz, marchinhas de carnaval, boleros e até rock and roll. Como grande artista, dominava naturalmente qualquer forma musical. Sua voz tornou-se mundialmente famosa interpretando "Manhã de Carnaval" composta por Antônio Maria e Luiz Bonfá para o filme Orfeu Negro de Marcel Camus, Palma de Ouro em Cannes em 1959 e Oscar de Melhor Filme em 1960.

Agostinho dos Santos também atuou em diversos filmes, com sua voz marcante e notável elegância, vestido muitas vezes em trajes de gala como diziam na época. Aqui no entanto, ele aparece como sambista em um botequim despojado. O filme É de Chuá de 1957, foi uma produção da Cinedistri com direção de Victor Lima. Agostinho dança com Renata Fronzi e canta a marchinha "Maria Xangai", composição dividida por Ibrahim Sued, Alcir Pires Vermelho e Mário Jardim. Da cena ainda participam os atores Renato Restier e Duarte de Moraes. O par central vive um casal de trambiqueiros tentando armar golpes para se dar bem, temática comum nestas comédias musicais. Enquanto Agostinho canta, o casal vai se estranhando, Juca Moleza [Restier] num acesso de ciúmes chega a empurrar Maria Xangai [Fronzi], que depois vinga-se numa tirada genial. Esses ingredientes, mais a presença de Agostinho dos Santos fazem deste fragmento, mais um belo presente.

Trio Irakitan 1959 "Adeus América" & "Apito no Samba"

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Este fragmento sensacional, faz parte da comédia Minervina Vem Aí de 1959. Uma produção da Cinelândia e da Cinedistri, dirigida por Eurides Ramos, onde a estrela principal era Dercy Gonçalves. O Trio Irakitan aparece aqui em sua melhor forma, em uma cena caprichada para os padrões de então. Interpretam dois sambas, "Adeus, América" de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques e o famoso "Apito no Samba" de Luiz Antonio e Luiz Bandeira. A direção musical é de Alexandre Gnatalli. Os dois números são memoráveis, tanto musicalmente quanto na direção das imagens escolhidas, cenários, planos e figurantes.

Lúcio Alves 1960 "A Vizinha do Lado"

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Lúcio Alves ganhou o apelido de cantor das multidinhas ainda nos anos 40 - brincadeira do radialista Silvino Neto pois Lúcio cantava todo o repertório do Orlando Silva, o então cantor das multidões. Grande cantor de sambas, sincopados e sambas-canção Lúcio Alves tinha voz marcante, e aparece aqui interpretando "A Vizinha do Lado", composição do mestre Dorival Caymmi. Momento raro em imagens do início do período da bossa nova, Marido de Mulher Bôa realizado em 1960 por J. B. Tanko, foi uma comédia de muito sucesso. Na cena participam o figura Zé Trindade como Anacleto, Lilian Fernandes, o maestro Carlos Monteiro de Souza & sua Orquestra e Ísa Rodrigues como a manicure Virgínia.

Bené Nunes & Ankito 1957 "Tá Certo?"

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Ankito é um dos maiores comediante do nosso cinema. Não era cantor, mas canta neste número ao lado do grande pianista Bené Nunes - que também se arriscava como ator. O filme é justo a estréia nas telas de Ankito, produção dirigida por Watson Macedo, É Fogo na Roupa de 1952, trazia Bené Nunes em par amoroso com a cantora-atriz Adelaide Chiozzo. Na cena aparecem, além de Ankito e Bené Nunes, o cantor & ator Ivon Curi, além de Heloísa Helena. Tudo muito divertido, com o humor bem típico da época. Não foi possível apurar o autor da composição, se alguém souber... Mas arrisco a dizer que seja do próprio Ankito em parceria com o grande Bené Nunes, aliás o valor musical deste fragmento é justamente ver Bené atuando ao piano.

Ivon Curi 1956 "Delicadeza"

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Ivon Curi interpretou este fox-sátira no filme Depois eu Conto de 1956. Realização dos diretores José Carlos Burle e Watson Macedo. A composição "Delicadeza" é de Pedro Rogério e Lombardi Filho. Ivon Curi diverte-se na cena ao lado de Eliana, Dercy Gonçalves, Anselmo Duarte e muitos outros. A direção musical é do grande Lyrio Panicalli.

Jorge Goulart 1959 "O Último"

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Numa época em que a música de carnaval era tocada o ano todo, alguns artistas se especializaram no assunto, lançando a cada ano, novas composições no mês de fevereiro. Jorge Goulart foi um grande cantor de sambas, marchas, sincopados e sambas-canção, sua voz potente foi ouvida em nossos aparelhos de rádio durante décadas, com grande sucesso. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro e durante anos viveu fora do país com sua esposa, a cantora Nora Ney, devido a situação política aqui. Ajudando a divulgar a nossa música no exterior. Aqui ele aparece em uma de suas muitas cenas que participou nas comédias músicais, filmes que eram o único meio do público em geral ver as grandes estrêlas do rádio. Mulheres à Vista foi dirigido por J. B. Tanko em 1959, com roteiro de Chico Anísio. Jorge Goulart canta "O Último", composição de muito sucesso aquele ano, dos bambas Wilson Batista e Jorge de Castro.

sábado, 15 de março de 2008

Odete Lara 1974 "Molambo"

Odete Lara encarna a cantora Ísa Gonzales, ou apenas Ísa, no filme A Rainha Diaba do diretor Antônio Carlos da Fontoura produzido em 1974. Representante do cinema marginal dos anos 70, Fontoura criou um thriller de ação pintado em cores fortes e com presença em cena de um fantástico Milton Gonçalves, do jovem Stephan Narcessian e claro, uma estonteante Odete Lara. No elenco, há ainda Nelson Xavier, Yara Côrtes, Wilson Grey e muitos outros. Ao cantar "Molambo", samba-canção histórico de Jayme Florence e Augusto Mesquita, a cantora Ísa emula obviamente, Maysa - "Molambo" fazia parte de seu repertório. A homenagem fica nas entrelinhas, Odete abusa da sensualidade e o filme é certamente um achado.


Vicente Celestino 1946 "O Ébrio"



Vicente Celestino fez enorme sucesso com esta canção durante a década de 40, tanto que a música virou filme, estrelado e com argumento escrito pelo próprio Vicente em 1946. A direção da película ficou a cargo da estreante Gilda Abreu, sua esposa. Produzido por Adhemar Gonzaga, O Ébrio bateu todos os recordes de bilheteria do cinema nacional na época e ainda hoje é considerado um clássico. Os planos simples vistos durante a interpretação do cantor, são pontuados por momentos de tocante beleza visual. Gerações se emocionaram com a história do jovem médico, aspirante a cantor de rádio que se entrega a uma vida boêmia após uma desilusão familiar. Diz a lenda que Vicente Celestino era completamente avesso à bebida, fato que não o impediu de caracterizar seu personagem de forma tão marcante.

O Ébrio foi recentemente restaurado e relançado por ocasião de seus 60 anos, em luxuosa edição com extras históricos pela Rio Cine e pela Cinédia.

Frêvo Nr. 2 do Recife

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Antônio Maria foi um grande mestre da canção popular brasileira. Escritor, compositor, letrista, jornalista, radialista, cronista-esportivo... um poeta que marcou a época em que viveu. É uma honra apresentarmos este vídeo, fragmento do filme Saravah, produzido em 1969 com direção de Pierre Barrouh, onde Maria Bethânia, o pianista Luiz Carlos Vinhas e o trombonista Raulzinho [o Raul do Trombone] interpretam com muita delicadeza o "Frevo Nr. 2 do Recife" de Antônio Maria.